Lições importantes sobre liderança
O líder como educador
As
organizações vivem a era da gestão do capital intelectual, buscando incessante
atrair e preserva o conhecimento existente e gerar inovações por meio da
criatividade. Assim, o processo de ensino e aprendizagem torna-se estratégico na
dinâmica das organizações, cabendo ao líder o papel de facilitador da
aprendizagem de indivíduos e equipes.
Segundo Paulo
Freire (1997), ensinar é promover a construção do conhecimento, ensinar é
pensar certo, ensinar é escutar. Vejamos como essas idéias se aplicam ao mundo
das organizações.
Ensinar
é promover a construção do conhecimento
Ensinar não
significa transferir conhecimentos. Na verdade, ensinar é promover as condições
para que esses conhecimentos sejam construídos pelo aprendiz. O liderado não
aprende quando o líder lhe explica verbalmente como executar uma tarefa; o
aprendizado ocorre quando ele realiza o trabalho e ambos – líder e liderado –
refletem criticamente sobre essa experiência, momento em que o líder também
aprende. Assim, a aprendizagem se constata quando o liderado consegue
reproduzir ou recriar o conteúdo ensinado e também quando consegue atingir ou
ultrapassar resultados previstos.
Por exemplo,
explicar verbalmente as etapas da montagem de um computador a alguém que nunca
realizou tal operação e depois pedir-lhe que repita tudo oralmente não garante
que a montagem será realizada corretamente ou que o computador irá funcionar.
Para tanto é imprescindível que a montagem seja realizada sob supervisão e que
ao final seja feita uma avaliação crítica da cada etapa do trabalho e das
dificuldades aí encontradas. Assim garante-se que certos pontos sejam
esclarecidos e que as etapas se tornem significativas para quem está realizando
a tarefa. Depois disso o aprendiz deve fazer o trabalho sozinho, para ganhar
confiança e destreza na sua execução.
Portanto,
promover a construção do conhecimento inclui propor desafios, acompanhar a
realização da tarefa, avaliar criticamente o desempenho e exercitar-se para
adquirir perícia.
Ensinar
é pensar certo
Pra ensinar, o
líder deve pensar certo. Segundo Paulo Freire, pensar certo significa submeter
nossas verdades a uma avaliação crítica para torná-las passíveis de
modificação. Isso permite perceber que a competência de hoje será ultrapassada
pelo conhecimento a ser adquirido amanhã e conduz à busca permanente da
superação do atual nível de saber.
Pensar certo é
estar em permanente mudança, é conviver com os riscos e os desafios do futuro.
Não é adotar o novo somente pelo fato de ser novo, nem rejeitar o velho apenas
por ser velho. Trata-se de escolher as mudanças e de assumir o controle da
vida. Pensar certo é ter humildade para reconhecer os erros e com eles aprender
a trilhar novos caminhos.
Pensar certo é
respeitar os saberes do liderado e sua consciência crítica. Portanto, ao
ensinar, o líder deve partir do nível de conhecimento em que se encontra o
liderado, sabendo que este tem capacidade pra criticar o conteúdo ensinado e
chegar a conclusões por si mesmo. Logo, pensar certo envolve a reflexão sobre
nossas práticas.
Pensar certo é
respeitar a ética. Não há como desvincular o aprendizado de uma técnica das
conseqüências éticas de sua prática. Por exemplo, é de se esperar que o
chaveiro não utilize sua técnica de abrir cadeados para assaltar residências na
calada da noite.
Pensar certo é
corporificar o discurso pelo exemplo. Não tem cabimento pregar justiça quando o
critério de promoção de liderados passa unicamente pela amizade e obediência
cega ao líder. É sabido que o exemplo do líder é a maneira mais barata e eficaz
de ensinar comportamentos.
Pensar certo é
amar as diferenças. Não se aprende com quem possui os mesmos saberes, com os
iguais. A possibilidade de aprendizado está nas diferenças conceituais,
metodológicas, instrumentais e práticas. Portanto, deve-se reconhecer o valor
das diferenças individuais existentes numa equipe. Mais que isso, deve-se
incentivar a diversidade pra aumentar o potencial de aprendizado e fortalecer o
processo de construção do conhecimento. Até porque ninguém aprende sozinho;
aprende-se na relação com os outros.
Pensar certo é
agir pra transformar o mundo e deixar-se mudar pelo mundo que se ajudou a
transformar. Quando se exige novos comportamentos da equipe, é preciso ter em
mente que também ela vai modificar a maneira de agir do gestor. Muitos
conflitos têm como principal causa a rigidez comportamental do gestor.
É o caso, por
exemplo, do gestor autoritário que censura seus subordinados pelo fato de
começarem a fazer trabalhos sem sua autorização expressa, esquecendo-se de que
ele próprio passou a estimular tal iniciativa após ter lido um artigo sobre
equipes de alto desempenho. Além de frustrar a todos, tal atitude é
contraproducente. Por isso o líder deve preparar-se pra mudar, antes de agir
para mudar sua equipe.
Ensinar é escutar
Não é falando
pra os outros que se aprende a escutar. Pra melhor comunicar-se, o líder deve
escutar atentamente o liderado e procurar compreender o que diz. Numa cultura
autoritária, escuta-se atentamente quem tem poder, mas em geral tem-se muita
dificuldade pra escutar os liderados. A escuta é hierarquizada. Mas esse é um
problema que tem solução: como todos escutam a voz da autoridade, resta escutar
também os subordinados, bastando para tanto saber respeitá-los.
Em suma, quem
tem algo a dizer deve incentivar quem escuta a participar do processo de
aprendizado com seu saber único e indispensável à construção do saber coletivo,
tornando-se também agente desse saber.
Livro:
Aspectos Comportamentais da gestão de pessoas/Págs 50, 51, 52,53
Comentários
Postar um comentário